O Peso Invisível das Palavras

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Palavras são como sementes: algumas florescem em afeto, outras em dor. Com uma palavra, podemos construir pontes, abrir sorrisos, curar feridas emocionais. Mas também com uma palavra podemos cortar, excluir, envergonhar. E isso acontece todos os dias — muitas vezes sem perceber.

Vivemos cercados por linguagem. Está no que falamos, escrevemos, publicamos e até no que pensamos. E tudo isso molda a forma como nos relacionamos com o outro. Por isso, cada palavra importa.

📌 Uma palavra pode:

  • Acolher: “Estou com você.”

  • Alegrar: “Você é importante.”

  • Ferir: “Isso é culpa sua.”

  • Diminuir: “Ele é um problema.”

  • Defender: “Ela merece respeito.”

  • Silenciar: “Isso não é lugar para você.”

A linguagem não é apenas um meio de comunicação — é também um ato de presença, empatia e escolha ética. Quando usamos as palavras com consciência, nós respeitamos o outro como ser humano.

Você já parou para pensar no impacto que uma palavra pode causar?
Às vezes, o que dizemos parece pequeno — mas pode carregar o peso de séculos de estigma, dor ou exclusão. Outras vezes, uma palavra acolhe, levanta, cura. É por isso que precisamos falar sobre a força invisível da linguagem, especialmente quando nos referimos à saúde, doenças ou condições que acompanham tantas pessoas no seu cotidiano.

As palavras não são neutras

Dizer que palavras têm poder não é uma metáfora: é uma realidade. Quando usamos certos termos para nos referir a doenças ou a pessoas em situações específicas, podemos, sem perceber, reforçar estereótipos, apagar identidades ou ampliar sofrimentos. Por isso, refletir sobre o que dizemos — e por que dizemos — é um exercício necessário de empatia e responsabilidade social.

Quando a palavra fere

Durante muito tempo, expressões como “aleijado”, “leproso”, “retardado” ou “mal de Alzheimer” foram amplamente utilizadas. Hoje, sabemos que esses termos trazem marcas profundas: de preconceito, de exclusão, de desumanização. São palavras que reduzem pessoas à condição que enfrentam, como se fossem sinônimos de suas doenças ou limitações.

Termos que devemos evitar — e o que usar no lugar

A seguir, uma lista de palavras que foram sendo abandonadas por carregarem esse peso, com alternativas mais respeitosas e atualizadas:

Termo antigoTermo atual recomendado
AleijadoPessoa com deficiência física
RetardadoPessoa com deficiência intelectual
LeprosoPessoa com hanseníase
Louco / Doente mentalPessoa com transtorno mental
Mal de Alzheimer / ParkinsonDoença de Alzheimer / Doença de Parkinson
Defeituoso / InválidoPessoa com deficiência

Quando falamos sobre a Doença de Parkinson, é importante observar que alguns termos antes comuns foram sendo substituídos por expressões mais respeitosas e precisas. Por exemplo, expressões como “portador da Doença de Parkinson”, “mal de Parkinson” ou até mesmo “moléstia de Parkinson” carregam significados que hoje são considerados inadequados. A palavra portador sugere que a pessoa “carrega” algo de forma passageira, como quem carrega um objeto ou uma carga, o que não representa a realidade de uma condição crônica e progressiva. Já o termo mal, como em “mal de Parkinson”, tem uma conotação negativa e estigmatizante, associando a doença a algo maligno, indesejável ou até mesmo vergonhoso. Por fim, moléstia, embora pareça formal, é um termo antigo e genérico, que caiu em desuso tanto por seu peso semântico quanto por não representar adequadamente os avanços na forma como compreendemos as doenças hoje. O uso de “pessoa com Doença de Parkinson” ou “pessoa que vive com Parkinson” coloca o foco na pessoa e não na condição, respeitando sua identidade e reconhecendo que ela não se resume ao diagnóstico que possui.

Essas substituições não são apenas “modismos linguísticos”. Elas refletem uma mudança de olhar: da exclusão para o reconhecimento da dignidade. Colocar a pessoa antes da condição é uma forma de lembrar que ninguém se resume a uma doença ou diagnóstico.

O respaldo legal e institucional dessa mudança

A linguagem inclusiva é hoje orientada por diversas leis e diretrizes. Não se trata apenas de boa vontade, mas de um compromisso social e jurídico com o respeito. Veja alguns documentos que amparam essa mudança:

Uma escolha diária: respeitar

Adotar uma linguagem respeitosa não significa ter medo de errar. Significa estar aberto a aprender. Significa entender que, ao nomear alguém com cuidado, a gente valida sua existência, reconhece sua história e contribui para um mundo mais justo.

Extra: Quiz e Video

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